Deus cria o mal? Seria Deus em sua essência mal e bem ao mesmo tempo? (Isa.45:7 “...Faço a paz e crio o mal...”)


"Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas."( Isaías 45:7)“E assim como vos sobrevieram todas estas boas coisas de que o Senhor vosso Deus vos falou, assim trará o Senhor sobre vós todas aquelas más coisas, até vos destruir de sobre esta boa terra que ele vos deu.”(Josué 23:15)

Desde a era do renascimento, o espírito iluminista tem tentado colocar o homem como centro de todas as coisas (antropocentrismo), e responsabilizá-lo por tudo o que acontece no planeta! Nessa tentativa de evoluir, muitos buscam encontrar na Bíblia algo que coloque em xeque o caráter de Deus, isolam textos de seus contextos e interpretam sem levar em conta princípios de interpretação coerentes e consistentes. Assim o fazem com o texto de Isaías 45:7. Embora aceitemos como verdade inegável esta afirmação de Deus, precisamos entender o que realmente o Deus de amor quis nos dizer (e disse! lembremo-nos porém, que o erro nunca está com Deus, mas sim com nossa forma de ver as coisas).

Algumas pessoas têm usado este versículo para definir o caráter de Deus como um ser mal ou simplesmente equilibrado (mal e bem ao mesmo tempo). Mas as Escrituras dizem: "BOM E RETO É O SENHOR, por isso, aponta o caminho aos pecadores" (Salmo 25:8) "DEUS É LUZ, E NÃO HÁ NELE TREVA NENHUMA" (1 JOÃO 1:5). "Pois tu NÃO ÉS DEUS QUE SE AGRADE COM A INIQUIDADE (pecado), e contigo NÃO SUBSISTE O MAL" (Salmo 5:4-5). Em outras passagens: Deus chama todos ao arrependimento (Atos 17:30), não quer que ninguém pereça (2 Pedro 3:9), provou a morte por todo homem (Hebreus 2:9), mandou que os apóstolos pregassem a toda criatura e prometeu a salvação àqueles que cressem e fossem batizados (Marcos 16:15-16). Como podemos ver o Deus verdadeiro não é um conjunto de forças opostas. Deus é amor. Ele é perfeitamente bom, e não contém nada de maldade.
Então como podemos entender o texto de Isaías? Vejamos: 
A palavra "mal" em Isaías 45:7 vem de uma palavra original que pode ter vários sentidos. Neste contexto e em outros onde Deus faz ou traz o mal, a palavra significa "calamidade, punição". É o oposto de paz. Guerra. O contexto onde essa passagem está inserida, é uma repreensão a babilônia, Deus traria a calamidade, o castigo sobre ela por tudo o que ela fez de errado, e usaria Ciro da Pérsia para isso. É importante lembrar que existem os chamados 'idiomatismos hebraicos' onde o autor atribui a Deus atos que Ele apenas permitiu que acontecessem (eles achavam que tudo era provocado por Deus porque ele tem o controle de tudo), sendo que não foi Deus que provocou a destruição de Babilônia, ele apenas permitiu! então as palavras de Isaías são uma força de expressão, um idiomatismo para um mal que Deus não criou, ele apenas permitiu! 
Vale lembrar também que existem medidas disciplinares de Deus para com os homens. "Eu repreendo e castigo a quantos amo. Porque o Senhor CORRIGE A QUEM AMA, e açoita todo filho a quem recebe."(Apoc. 3:19, Heb. 12:6). Todas as vezes que o Senhor teve que tomar uma providência mais séria com a raça humana, permitindo que eventos tristes acontecessem (o dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra, Nínive, a destruição de Jerusalém, da própria Babilônia), ele passou tempos e tempos advertindo, indagando, avisando, repreendendo... e quando nada mais funcionava, aí sim, vinha a medida de emergência [na tentativa de salvar seu povo]!

Então é como se Deus em Isa. 45:7 estivesse dizendo: “Eu o Senhor crio a paz mas também crio a disciplina, a punição para o meu povo [na tentativa de salvá-lo, como um pai] e no caso dos que já ultrapassaram a linha da redenção (satanás, seus anjos e muitos dos seus servos, boa parte dos babilônios) eu destruo pra salvar, proteger os que ainda não se corromperam, ou que tem sofrido em suas mãos, dando assim a recompensa que eles merecem por seus atos maus."

É claro que nesse processo todo, o ser humano não é o coitadinho, vítima de tudo (como no caso de Babilônia)! Sempre é o ser humano quem determina a medida, o tratamento que o senhor vai ter com ele. A Bíblia diz, “...A conseqüência do pecado é a morte.” A consequência da desobediência (transgressão da lei) é a morte.
Isso é natural! Toda vez que o ser humano peca ele está se destruindo porque tudo aquilo que Deus pede em sua lei é para a proteção do homem; ele não obedece... acaba atraindo sobre si ruína. E isso é o mal! Vejamos um exemplo mais nítido:
Um homem é um excelente pai, um bom profissional, empresário, tem uma vida de relativo sucesso, conforto e é feliz. Um dia, esse mesmo homem conhece novas pessoas e através das amizades ele começa a se distanciar de sua família, começa a beber, fumar, ir a boates com os amigos, adultera, começa a usar drogas. Finalmente, ele consegue jogar o seu dinheiro fora e traz tristeza e maldição pra sua casa. Esse homem vai experimentar o mal que ele mesmo provocou, o mesmo mal que Israel experimentava quando se afastava de Deus e isso é culpa do empresário e não de Deus. É conseqüência! Deus apenas permitiu a consequência na vida dele, mas... vai se utilizar dessa situação para salvá-lo, para trazê-lo de volta e dessa vez mais maduro, mais experiente. No caso dos babilônios, eles haviam por muito tempo causado dor e sofrimento à vida dos filhos de Deus, finalmente chegou a hora de Deus retirar deles a sua proteção especial, deixando-os assim a colher os frutos violentos que plantaram.

Prezado leitor, a dor, o sofrimento, o mal não foram criados por Deus, são intrusos na criação divina. O culpado por estes males em nosso mundo é Satanás! O ‘mal’ do qual Isaías fala é a disciplina de Deus para seus filhos e calamidade para os que plantaram calamidade regeitando os apelos de Deus; Quando esse ‘mal’ é uma destruição no real sentido da palavra, é Deus novamente protegendo seus filhos que ainda se mantém santos, retirando de perto deles os ímpios.

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